terça-feira, 7 de setembro de 2010

Trilogia: a trajetória de um amor brabo. Nascimento, morte e ressurreição.

Magra e ácida como os anjos mais extremos. Das trevas à luz.


Tirania

Há dias em que a fragilidade pia.
Solilóquio de uma só via
no martírio das criaturas frias.
E eu sinto a dor de todas as larvas anônimas
no andor de escombros que carregas sobre os ombros.
Renasço auras das sombras
donde se arremessa
minha cabeça espessa ao
efêmero extremo que padeça
apenas do mal a que me ofereça.
Posta, sobre a mesa.


Suicídio

Eu continuaria te sendo alpiste
se ao menos você me cuspisse.
Mas mastigas mastigas mastigas
não engoles nem bota fora
crescendo urtigas como se fossem esporas.
Sigo, com meu amor em riste
que longe é um lugar que nos insiste.
A coragem persiste e incide.
Não me ajoelho diante do teu regime,
vou ao sublime de cometer-me
qual crime.


Excitação - A memória da língua.

Díspares altares
cadela de lúgubres ares
inconscientes voláteis são teus mares.
Ateia-te ao fogo das cavernas
ao primevo instinto do que eras.
Bicho mulher dentre feras
entre tuas pernas
a língua impetuosa
do gemido silente das eras.
O gozo que te espera.


Shala Andirá




2 comentários:

  1. Leia o seguinte decreto, em um diário roubado: o amor está morto em um corpo que continua vivo. de asas abertas ensaia o voo da felicidade, deixando para trás todo um deserto em ruínas...
    Beijos e parabéns pelo belo blog,
    V@l face

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  2. No trilhar de tua trilogia,
    A lascívia enlaça, lavra e enleva,
    Vem!
    Chega assim chegando,
    Os dedos a desenhar, a língua a dizer sussurros,
    Palavras turvas do teu corpo.
    A vela queima o gozo que sente,
    A pele a orvalhar o lençol,
    Chama
    Teu grito,
    Rito amaldiçoado que me invade,
    Chagas que carrego,
    Sinto,
    Tu me basta, nada mais...

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