sexta-feira, 29 de abril de 2011

Círculos

Trilha de vaga-lumes
quando anoitece,
aranha que em mim tece
o florescer do olhar,
tu és o mar.

Tu és o que me continua
a sede
dos lábios ainda molhados.

Rugido felino em fogo alto.

Néctar sanguíneo, nascente de Terra,
alicerce de tudo que se levanta neste
berçário de esperas.

Tu és este sol
entre as pernas,
rumando pegadas
de pantera
à clareira esférica das feras.

Cálice do vento regado
por um diamante de silêncio.

Amor, tu és o centro.

Shala Andirá

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Serenata em Ascensão

Corpo e alma
se aproximando.
Não direi que te amo
e se já disse;
retiro o mantra,
te cubro do meu canto.
Aqui o sol morre cedo
por trás dos montes
na distância
do que insiste
entre nós.
Sempre o mar nos lençóis
e a infinitude da serra
no abuso das curvas.
O céu aqui
nasce da intimidade
que vai ganhando carne
derramando o vermelho
que se quer
banhado na calma suprema,
na eterniade do azul.
Como está água
gelada embriagando
a sede enquanto escorre
lânguida e tesa
pela garganta.
Seus fios de cabelo
por entre meus dedos
e algo que se levanta.

Shala Andirá