sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ato de Súplica - aos quatro ventos

Esta ausência sublime é nosso ato crime.
Fundo firme que em mim exprime o teu risco.
Teu visgo. Vício líquido tatuado em minha pele
de bicho. Resquício.

Reincidente concisa no teu peito liso,
em sigilo destilo o impreciso veneno convulsivo e me
deslizo em ritmos interrompidos no sussurro dos teus ritos.

Teu colo, precipício do meu grito,
me consome a fome
em teu nome
próprio,
me conduz ao ópio alucinógeno do teu
santo nobre. Me cobre
enquanto a humanidade dorme.

Me sorve ao corte íntimo da boca insone,
teu beijo infame, honra-me dama.
Nervos em chama
escamas perpetuadas
sob escarpas
e as escápulas saltadas
onde construístes a casa
de silenciosas asas.

Agora, enquanto a noite chora,
no vácuo indivisível vigora nossa hora.

Que a ardência da demora
seja senhora do gozo
inscrito na lembrança dos meus ossos
doloridos ao istmo do fosso.

Pelos dias escritos sob a abstinência
cega do teu olho,
que tua mão permaneça
vértice ilíaco marcado
a fogo.

Que tua voz seja ouvida
aos quatro ventos
Desígnio ungido
na forja dos quatro elementos.




Shala Andirá

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