sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Do céu azul- Vista do asfalto.

Vindas do asfalto: notícias do Anjo Azul Cobalto: sob a inscrição da lápide sou mais
aproximada do espírito. na casca tudo se estranha
um pouco, digo na dose
de açúcar do jogo (a crueldade
é a face sublime
das asas da aurora do
seu ato: crime!). O tabuleiro físico reprime. não há nomes
catástrofes ou alucinação apocalípticas na anunciação das vítimas.
rimas limítrofes bóiam na ausência peculiar de estigmas. personas
confusas sobrevivem à própria hipocrisia nas esquinas dos paradigmas: um desfile de máscaras
concisas. à margem de qualquer paisagem
que exprima: metafísica. nada muda os órgãos de lugar.
tudo está
quieto aonde está. no desperdício dos terrenos
alagados: vomitando vidas sobre o pano de chão
de preceitos maniqueístas: gafanhotos
enxuga charcos ativistas espalhados por metro quadrado,
na anfetamina pulsante dos trópicos. enquanto no ápice
de cada ângulo um crânio de urânio
enriquecido de um milhão de prismas em colisão
aguarda: o trismo da visão: o cérebro caleisdoscópico gira:
na revelação da voz dos suicidas:
na consumação das vísceras: a colheita do núcleo humano na forma
elíptica do cataclisma.
(este carrega uma infinidade de mundos e submundos
1000 sóis explodindo muros, dízima periódica expandindo o escuro_
eu lhe daria mais um, se o tivesse, escondido sob os lençóis.
mas sou ausência: matéria prima. Só).
cato cavalos marinhos no mato para navegar céus de prata
escorrendo o canto verde das cigarras na relva colorida
de trapos e farpas. moro um pouco no silêncio azul dos abraços.
morro um pouco. depois passo. sigo o caminho vermelho do hálito
até a carne para transformar o beijo em baile. O balé: éter intrínseco,
corpo líquido do vicio, danço bem e pouco, em Braile tudo compilca –se
na rosa do sexo.
afinal é ou não é daí que nasce o coração: vento do plexo.
parece que domei o vício de catar obsessões: estalando nuvens
de tangerina literária entre os lábios e a linha melódica da navalha. há um texto
em branco enquanto nos cuspimos. enquanto
excessos exacerbam limbos
vomitando pardais e tico-ticos. há um tempo enquanto nos cumprimos
em terapias grupais. há um texto que corre atrás
da sombra das sobras humanas além dos poços virtuais. a vida se esvai
pelo ralo do computador ao lado.
vaidades degoladas duelam, por sobre cabeças, em busca
de uma fala. e o silêncio fica, excluído na vala. há um teto raso
onde afundo se afago.
por que há sempre um tempo abaixo onde contida em si.
num monólogo apertado. oxigenando o coração. sobrevive a solidão.
e lá se foi o monstro do café. lá se foram as heroínas e as vacinas.
minhas unhas se descascam na clareza do que embarga e desafina. filtros entupidos de larvas e estátuas de parafina.
confino-me embarcada no rastro. You might see me somewhere
between the rain. debaixo da língua caminhando imóvel
sobre os escombros da ponte de estantes, entre a cama e o assoalho. No mínimo,
no minúsculo ciclo do músculo entre o nada e o vazio do pulso.
_Aqui, terra de ventre renegado pelos filhos do legado, já não há domínios, há demônios domados na jaula dos olhos sem brilho: burocratas
batendo cartão e as teclas da lâmina banhadas de intenções e egoísmo_
um rastro de sangue estanque seca coagulando a velocidade do precipício.
_ Escorro meu vestido invisível sobre a ponta íngrime da sapatilha,
360 graus por sobre os edifícios e o lixo. por detrás das asas avisto nascendo, o céu sangue
deste imenso hospício.

Prefiro morrer atrás do depósito químico.

Shala Andirá



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