segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Cientificismo no espelho _ O corpo no avesso

Ela fez a curva em torno dos 7 horizontes
em busca de
alguma ciência que a livrasse da tetraplegia
implícita nos mergulhos rasos depois de
explodir o fígado e o baço
entubando a liquidez do mundo pós- moderno.
Resolveu algumas incursões ao inferno
e viu Rimbaud negociando cadernos em troca de
míseros tumores
(talvez fossem apenas rumores).
Do céu, ela já sabia nascia a
necessidade da perfeita hipocrisia.
Onde vamos parar com tantas pústulas
nascidas do luar e mariposas povoando o altar.
Sagrada em sua cama
ela dormiu para nunca mais
acordar. Do rasgo no punho entrou estranha e sólida
em suas veias finas
ficou azul, estacionando o líquido
e o paladar.


Shala Andirá

Um comentário:

  1. Porque ser original/surpreendente na prosa é raro já que a prosa é forma vulgar, ordinária, é a linguagem do mortal leitor. Porque ser original/surpreendente na poesia é ainda mais raro, já que a poesia é forma pura, essencial, é linguagem do imortal autor.

    Para um estudioso trabalhar com a prosa é preciso garimpar pepitas de ouro em pequenas áreas repletas de gangas. Em outras palavras: com a linguagem dos mortais, o prosador oferece ao leitor instantes áureos de deuses.

    Para um estudioso trabalhar com a poesia é preciso garimpar pepitas de platinas em largas áreas cheias de ouro. Em outras palavras:com a linguagem dos imortais, o poeta oferece ao leitor a eternidade divina.

    Uau! e como e difícil trabalhar num ambiente assim! No empíreo, não se trabalha (o trabalho é castigo dos mortais, não por acaso esta palavra vem do nome de um instrumento de tortura). No empíreo, se sente.

    Beijo grande e agradecido pelo convite à morada dos deuses,

    Débora

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