quarta-feira, 13 de outubro de 2010

No templo das sementes

Quando o mundo
acorda o meu desacordo
corda amarrada
em torno do poço
manilhado
do meu pescoço

Chaminé apertada
para o grosso
fosso
onde planto
estrelas
abaixo
do esboço

Há água potável
no fundo do osso

No céu azul corre
um rio de sol
Um raio insolente
brinca
no lençol

E eu que
fechei
cortinas
para esquecer
a cor invasiva
dos dias

Hoje sinto o
frio ardil
nas gentes
prisioneiras
das ruínas
da mente

Quantos séculos
dura um segundo
no templo
das sementes

A Guerra
dos veios da
terra
no silêncio
metálico da
cratera
invade as
mandíbulas
das minas
do sul

Nas quinas
da noite
a fragilidade da
rima
no fundo da
gruta escura
ou seiscentos
metros
acima

Nos quintais da
morte a foice
soterrada ao norte
calou-se no
Atacama
diante da vontade
da vida
que brinda
insana

Está noite
cavalgo uma
legião de leões
em chama
a multidão
amarela
dos mares acima
da janela
inflama

Meu coração
estrela solar
rutila por toda
a cama
A esperança
brota
flor humana.

Shala Andirá

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